quarta-feira, 22 de julho de 2020

Síndrome do Piriforme: saiba como tratá-la de maneira eficiente

Quem nunca tratou um problema relacionado aos movimentos do quadril? Essa articulação precisa de uma combinação perfeita entre mobilidade e estabilidade que nem sempre está presente no nosso aluno. Em alguns casos vemos até problemas com musculaturas estabilizadoras, que é o caso da síndrome do piriforme.

Seu aluno com a síndrome pode apresentar edema no local, dor profunda, inflamação e espasmo do piriforme. Além da dor, ele estará com seus movimentos comprometidos através de inúmeras compensações. 

Quer aprender a tratar a síndrome do piriforme para garantir o retorno às atividades do seu aluno? Continue lendo. Aqui você verá dicas valiosas que serão úteis tanto na avaliação e diagnóstico do aluno quanto no tratamento.

O que é Síndrome do Piriforme?

Imagem retirada do site: https://ift.tt/2mKhFgO

A síndrome do piriforme é uma inflamação ou tensão excessiva no músculo piriforme. Seu principal sintoma é uma dor profunda na região glútea que pode causar variadas compensações e limitações no movimento do aluno. Frequentemente percebemos que a dor aumenta no movimento de abdução do quadril.

As causas variam e não existem exames de imagem que conseguem confirmar com clareza a existência da síndrome. Assim, devemos realizar uma avaliação eficiente para conseguir diagnosticar a inflamação no piriforme que causa a dor. O diagnóstico clínico também deve envolver análise do:

  • Histórico de movimento do paciente (lesões antigas, reclamações anteriores de dor, etc);
  • Prática esportiva;
  • Profissão;
  • Posições mais adotadas no dia-a-dia.

Podemos considerar a síndrome do piriforme como um problema multifatorial. Ou seja, existem diversas causas que podem levar ao seu surgimento. Ela também leva ao aparecimento de uma série de desequilíbrios que podem piorar ainda mais o quadro de dor. 

Além de usar a avaliação como uma maneira de diagnosticar o problema também precisaremos usá-la para descobrir desequilíbrios e tensões que podem influenciar no tratamento.

Anatomia e Biomecânica do Piriforme

Para entender corretamente como surge e se desenvolve a síndrome precisamos entender mais sobre esse músculo. Sua posição e formato são estratégicos e fazem com que desequilíbrios na região do quadril o afetem de maneira singular. 

O piriforme é um músculo plano e chato que é localizado à frente da cifose sacral. Todas as cifoses possuem músculos chatos e planos em sua parte anterior.

Isso acontece porque essas musculaturas são responsáveis por realizar a estabilização da cifose e evitarem sua mobilidade. É exatamente por isso que o piriforme possui formato piramidal.

Outro ponto importante está no trajeto do piriforme que passa pela fissura isquiática. Essa fissura é dividida em dois forames a partir do trajeto do músculos. Eles são os forames supra e infra piriforme. Nessas regiões passam estruturas importantes que estão diretamente relacionadas aos desequilíbrios do piriforme, que são:

  • No forame supra piriforme: nervo glúteo superior, artéria glútea superior, veia glútea superior.
  • No forame infra piriforme: nervo isquiático, glúteo interior, cutâneo posterior da coxa, artérias e veias glúteas inferiores, artérias e veias pudestas.

O músculo piriforme está localizado numa região que chamamos de plexo lombossacral. Ele fica na parte posterior do Psoas maior e é formado pelos ramos ventrais dos 3 primeiros nervos lombares e também a maior parte do quarto nervo lombar. 

As fibras desse plexo inervam a parede do abdômen, assoalho pélvico e membros inferiores. Lembre-se bem dessas regiões, em casos de síndrome do piriforme podemos encontrar pontos-gatilho em todas elas.

Quando existem desequilíbrios no plexo lombossacral encontraremos sintomas como:

  • Problemas nos reflexos correspondentes ao nervo afetado;
  • Problemas de propriocepção;
  • Atrofia e paralisia muscular;
  • Falta de sustentação do piriforme.

A presença de nervos da coluna vertebral no plexo lombossacral faz desta uma região bastante importante e sensível. Preste atenção nas musculaturas que estão aqui localizadas e lembre-se de avaliar sua tensão na hora de diagnosticar o problema.

Relação entre Músculo Piriforme e Nervo Ciático

Imagem retirada do site: www.corporepx.com.br

Percebemos ao estudar a localização do piriforme que ele está bastante próximo a um emaranhado nervoso. Ele também possui uma proximidade interessante ao nervo ciático, cujo trajeto passa exatamente abaixo do músculo na maioria dos indivíduos. Por isso o diagnóstico da síndrome do piriforme é tão complicado. Ela pode ser facilmente confundida com ciatalgia.

A principal diferença entre as duas patologias é o trajeto da dor. Na ciatalgia ela segue o trajeto do nervo, podendo irradiar da parte inferior da coluna lombar até os pés. Já na síndrome do piriforme a dor referida é profunda e localizada principalmente na região glútea.

Só preste atenção: o músculo piriforme costuma estar logo acima do nervo ciático. Isso quer dizer que excesso de tensão ou hipertrofia dessa musculatura pode comprimir o nervo e causar uma ciatalgia. 

O que estamos querendo dizer é: o diagnóstico de uma patologia não é excludente a outra. Nosso paciente pode muito bem possuir os dois problemas ao mesmo tempo, e não é algo raro.

Como acontece a Síndrome do Piriforme

Sabemos que o piriforme é um músculo responsável pelos movimentos de extensão, abdução e rotação lateral do quadril. Ele também é um importante estabilizador da pelve que realiza suas ações em conjunto com o glúteo máximo. 

Durante o movimento ele centra a cabeça do fêmur no acetábulo e coordena o movimento do quadril. Nesse caso ele também atua em conjunto com o glúteo médio. Por fim, o músculo piriforme é responsável por evitar uma extensão exagerada do quadril.

Deu para perceber que o glúteo é vital para bons movimentos do quadril, mas ele não atua sozinho. 

A atuação dos glúteos deve estar completamente funcional para que o piriforme seja capaz de realizar suas funções. Por isso encontramos muitos pacientes com síndrome do piriforme que sofreram traumas na região glútea ou pélvica.

O trauma impede um funcionamento fisiológico dos glúteos e prejudica ou tensiona o piriforme. No caso de existir trauma conseguimos confirmar sua existência através de exames de imagem. Ainda assim é importante lembrar que o exame não é o suficiente para confirmar a síndrome.

Outra possibilidade de causa para a síndrome do piriforme é excesso de exercícios para a região glútea. Em um corpo completamente funcional trabalhar glúteos não é errado, é até bom para garantir seu bom funcionamento. 

Mas o que acontece quando impomos um trabalho excessivo de glúteos em um corpo que não consegue ativá-los corretamente? Boa parte dos alunos possuem amnésia glútea, síndrome caracterizada pela falta de ativação do glúteo máximo.

Quando esse é o caso a pessoa realiza uma ativação de isquiotibiais ao invés de glúteos, levando o ilíaco para a posterioridade. Isso aumenta a tensão no piriforme e a médio prazo leva ao aparecimento da síndrome.

Como mencionamos anteriormente, exercícios exagerados que levem à hipertrofia do piriforme também são um problema. 

Isso é mais comum especialmente em pessoas que possuem uma variação anatômica na qual o nervo ciático passa pelo músculos piriforme ao invés de passar abaixo dele. No caso, teremos compressão do nervo e ciatalgia.

Tratamento da Síndrome do Piriforme

O primeiro passo no tratamento da síndrome será aliviar a dor. Isso só é possível ao liberar fatores que geram tensão no músculo piriforme. 

Um exemplo são os ilíacos, mas também podemos precisar liberar glúteos, assoalho pélvico e outras regiões. Só tome cuidado especial com os alongamentos estáticos. Eles não são recomendados nessa fase do tratamento porque podem comprimir ainda mais o nervo ciático e aumentar a dor.

Também precisaremos corrigir a postura do aluno e melhorar seu posicionamento do quadril. Se existir um problema de posicionamento devido a um excesso de ativação de isquiotibiais precisaremos trabalhar com a ativação de glúteos. 

Os exercícios devem ser direcionados à correção de padrões de movimentos e uma ativação muscular correta.

O profissional do movimento será responsável por orientar o aluno para melhorar hábitos diários. Um bom exemplo é o de pessoas que passam tempo demais sentados na mesma posição. Passe exercícios simples para que a pessoa se levante e mova o corpo em um certo intervalo de tempo. 

Isso evita tensão muscular na região glútea que pioraria o quadro álgico do paciente com síndrome do piriforme.

Conclusão

Um paciente com a síndrome do piriforme possui um problema multifatorial que está muito ligado a hábitos de vida. 

Seu tratamento é complexo e exige uma avaliação precisa e detalhada. Precisaremos descobrir todos os padrões adaptativos que essa dor gerou e que podem afetar todos os movimentos e posicionamento do quadril e membros inferiores. 

Além disso, é possível que precisemos tratar uma ciatalgia no caso do piriforme estar comprimindo o nervo ciático.

Durante todo o processo de tratamento estaremos comprometidos com uma reeducação do aluno. Ele precisa aprender a se movimentar ativando as musculaturas corretas e com bons padrões de movimentos. 

Isso é especialmente importante para aqueles alunos que costumam treinar sem orientação. Uma atividade mal executada pode ser o suficiente para trazer a dor e todos os problemas de volta. Então fique atento aos movimentos e ensine esse aluno a se mover corretamente.

Conforme os movimentos e ativação muscular melhora a dor deve desaparecer. Nosso objetivo sempre será transformar o corpo do aluno em um corpo funcional capaz de voltar às atividades diárias. 

E tudo isso é possível através do movimento. O Pilates será seu grande aliado! Use-o para melhorar a qualidade de vida do paciente ao mesmo tempo que melhora a dor.



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