segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Complexo do ombro: tudo que você precisa saber

Como estão seus conhecimentos sobre o complexo do ombro? Precisamos te avisar: entender perfeitamente como funciona esse conjunto de articulações te ajuda a realizar uma boa avaliação das lesões na região.

Por ser um conjunto articular extremamente complexo, acabamos trabalhando com patologias, lesões e desequilíbrios com frequência. 

Nesse artigo realizamos uma breve revisão sobre algumas importantes articulações musculaturas do complexo do ombro, dando ênfase à cintura escapular. 

Continue lendo para aprender tudo que você precisa saber sobre essa região!

Anatomia do complexo ombro

Conhecemos o ombro por ser uma das articulações mais complexas do corpo. Sendo assim, não é à toa que ele pode ser acometido por diferentes tipos de patologias visto sua grande instabilidade e mobilidade superior às demais articulações do corpo.

Na rotina de trabalho encontramos sempre desafios envolvendo a reabilitação e prevenção de lesões no ombro. Dessa forma, para termos mais chances de sucesso e oferecermos um trabalho eficiente é importante conhecer sua anatomia.

Mesmo que você ache que isso é só matéria de faculdade, fique sabendo que algumas alterações anatômicas são importantes para identificar patologias e não podem passar despercebidas. 

O tipo de acrômio encontrado no ombro, por exemplo, é provavelmente um dos mais comuns causadores da síndrome do impacto

Por esse motivo nunca podemos deixar de revisar alguns conteúdos de anatomia e biomecânica. No caso do ombro estamos observando uma anatomia complexa e movimentos mais complexos ainda. 

Como o ombro é formado por  um complexo de articulações, isto é, existe mais de uma articulação que forma o ombro, existem diversos fatores que influenciarão no desenvolvimento de patologias e nas estratégias de intervenção.

Articulações do complexo do ombro

O público em geral vê o ombro como uma única articulação que vive dando problema. Nós, como profissionais do movimento, sabemos que ele é muito mais que isso. 

O complexo do ombro é composto por várias articulações que devem funcionar em sincronia para ter um movimento de qualidade. 

Neste texto vamos considerar o ombro e cintura escapular, bem como suas articulações formadoras, como o complexo do ombro.

Começaremos analisando cada uma delas para entender seu papel no movimento.

Articulação escapulotorácica

Consideramos a articulação escapulotorácica como uma falsa articulação ou articulação funcional. Ela não é composta por uma união de ossos, mas sim pela escápula e musculaturas relacionadas. Além de não existir uma união de ossos, ela também não apresenta ligações feitas por estruturas cartilaginosas.

Apesar de possuir poucas características típicas das articulações, os movimentos da escápula relacionada à coluna torácica são completamente interdependentes. A escápula deve deslizar sem impedimentos sobre a torácica para que o ombro tenha amplitude completa de movimento.

Para que isso aconteça, ela faz uso de diversas musculaturas. Caso exista algum encurtamento ou tensão, o deslizamento da escápula e todo o movimento do complexo do ombro serão prejudicados, podendo gerar pequenos impactos ou sobrecarregar estruturas tendíneas, por exemplo.

Além das musculaturas do complexo, outro fator tem forte influência no funcionamento da articulação escapulotorácica: as articulações acromioclavicular e esternoclavicular. 

Essas articulações fazem parte da cintura escapular e devem ser consideradas quando falamos no ombro. Isso porque qualquer movimento realizado pela escapulotorácica leva a um movimento em uma dessas articulações, sendo que o oposto também é verdadeiro.

Posições da escápula

A escápula possui uma posição “neutra” ou de descanso, na qual costuma ficar enquanto não existe movimento do complexo do ombro. Essa posição é na face posterior da caixa torácica, entre a segunda e sétima costela. 

Claro que existem pequenas diferenças anatômicas entre cada indivíduo que podem fazer essa posição mudar. E isso não representa uma característica patológica.

A escápula também possui uma rotação interna de 35º a 40º do plano coronário, com uma inclinação anterior de 10º a 20º. Ela também tem uma rotação vertical de 10º a 20º. Novamente, esses valores são uma referência já que cada indivíduo possui pequenas variações.

De qualquer maneira precisamos ficar atentos à posição da escápula durante nossa avaliação. Uma escápula mal posicionada geralmente é sinal de desequilíbrios musculares ou fraquezas.

Um bom exemplo é quando encontramos uma discinesia da escápula no nosso paciente, a famosa escápula alada. Nesses casos os movimentos e a posição da escápula ficam alterados por desequilíbrios musculares, envolvendo o músculo serrátil anterior e trapézio mais comumente, ou lesões que impedem a correta resposta neuromotora dos músculos estabilizadores do ombro.

Articulação acromioclavicular

Como mencionamos anteriormente, essa articulação é uma das grandes influenciadoras dos movimentos da escápula. Isso quer dizer que, quando encontramos uma escápula disfuncional é bastante provável que a acromioclavicular também compense.

A articulação acromioclavicular está na parte superior do ombro. É formada pela junção entre a lateral da clavícula e o processo acromial do ombro. Essa é uma articulação sinovial plana que realiza movimentos de deslizamento.

Por que ela tem uma influência tão forte nos movimentos da escapulotorácica? Bem, ela é um dos pontos que conecta a escápula com a clavícula e suspende a extremidade superior da escápula do tórax.

Assim, sem os movimentos da acromioclavicular, não conseguimos um movimento funcional da escápula. Podemos resumir as funções dessa articulação da seguinte maneira:

  • Permitir rotação da escápula sobre caixa torácica;
  • Permitir ajustes nos movimentos da escápula além do seu plano inicial de movimento. Ela auxilia a escápula a se adaptar às mudanças do tórax conforme os movimentos dos membros superiores aumentam de amplitude;
  • Permitir transmissão de forças para a extremidade superior da clavícula.
Formato da articulação acromioclavicular

As formas que essa articulação assume variam, especialmente devido a uma variação no formato do acrômio. Assim, a acromioclavicular pode ter variados níveis de contato entre suas estruturas e atrito. Os níveis de inclinação das estruturas articulares também variam de indivíduo para indivíduo.

Alguns autores descrevem três tipos de articulação que tem inclinação entre 16º e 36º. Quanto mais próximas as estruturas chegam de uma posição vertical, maior a probabilidade de sofrer de patologias causadas pelo impacto.

Ligamentos e cápsula articular

A articulação acromioclavicular está rodeada por quatro importantes ligamentos. Sua principal função é criar estabilidade e manter a clavícula em contato com o processo acromial da escápula.

Devido à proximidade desses ligamentos, é comum que uma lesão na articulação também leve à uma ruptura de alguns ligamentos. Assim, as estruturas articulares acabam separadas, gerando instabilidade na escápula e desequilíbrio em seus movimentos.

Além disso, a articulação também possui uma cápsula articular, tornando-a numa articulação de tipo sinovial. A cápsula encontrada na acromioclavicular possui o reforço de alguns ligamentos capsulares na parte superior e inferior. Eles ajudam a reforçar a cápsula e manter a integridade articular.

Essa articulação merece atenção redobrada por mais um motivo. Ela é o ponto de inserção de diversos músculos importantes para os membros superiores.

Articulação esternoclavicular

Essa articulação realiza a união entre a clavícula, o esterno e a cartilagem da primeira costela. Isso acontece na face medial da clavícula, que se junta à face clavicular do esterno. Ela também é influenciada e influencia os movimentos da escápula e da articulação acromioclavicular.

Preste muita atenção nas informações sobre a esternoclavicular porque ela é o principal ponto de conexão entre as estruturas do ombro e da caixa torácica.

A articulação esternoclavicular é pequena e com pouco ou nenhum suporte das musculaturas do complexo do ombro. Por isso seus ligamentos possuem um papel fundamental na estabilização articular. 

Ao todo são quatro ligamentos que atuam nessa região:

  • Ligamento esternoclavicular anterior;
  • Ligamento esternoclavicular posterior;
  • Ligamento interclavicular;
  • Ligamento costoclavicular.

Uma das principais características dos ligamentos encontrados na articulação esternoclavicular é sua força. Por isso existem até casos em que encontramos fraturas na clavícula devido a algum impacto sem deslocamento articular.

Também existe uma cápsula articular para auxiliar no suporte da articulação, porém ela depende dos ligamentos para essa função.

Articulação subdeltoidea

Alguns autores desconsideram essa articulação quando falamos em articulações do ombro. Isso porque ela também é uma articulação funcional, sem características comuns nas estruturas verdadeiras como junção por ligamentos.

Ela é uma junção da Bursa subdeltóidea, o arco coracoacromial e os tendões que formam o manguito rotador. Só de conter os tendões do manguito você já consegue perceber quando teremos a maioria dos problemas nessa região, certo?

Cuidado com a articulação subdeltoidea. Ela também tem forte poder de influenciar os movimentos da escápula e merece atenção durante sua avaliação.

Articulação escapuloumeral ou glenoumeral

Essa é uma articulação verdadeira do tipo de esfera. Ela é formada pela junção entre a cabeça esférica do úmero e da cavidade glenóide da escápula. Consideramos a maior e  mais importante articulação do complexo do ombro.

Ela pode facilmente apresentar alguns problemas que nós encontramos com frequência nos consultórios. Essa é a articulação mais instável e móvel de todo o complexo do ombro. 

Ou seja, sem uma boa sustentação muscular ela está sujeita a diversos tipos de lesões devido à pouca profundidade da cavidade glenóide, o que faz com que a cabeça do úmero fique bastante livre para se movimentar. Não só lesões, mas deslocamentos da escapuloumeral também são extremamente comuns.

Por ser extremamente móvel, obviamente a glenoumeral teria o maior número de movimentos em todo o ombro. Eles são:

  • Abdução: elevação do úmero na cavidade glenoumeral no plano frontal;
  • Flexão: movimento frontal e para cima do úmero no plano sagital;
  • Extensão: movimento para cima do úmero no plano sagital na direção do posterior do corpo;
  • Rotação interna: rotação do úmero na direção medial;
  • Rotação externa: rotação do úmero na direção lateral;
  • Abdução da escápula: elevação do úmero no plano escapular, que fica na metade dos planos coronário e sagital;
  • Flexão horizontal: movimento do úmero em direção medial quando o ombro estiver em flexão ou em abdução de 90 graus;
  • Extensão Horizontal: movimento do úmero em direção lateral quando o ombro estiver em flexão ou abdução de 90 graus.

Lembre-se, todos esses movimentos são possíveis por que o úmero é separado por um espaço considerável da cavidade glenóide. Essa cavidade também é rasa demais para limitar seus movimentos, justificando a instabilidade e mobilidade da articulação.

Por isso ela possui uma necessidade extrema de estruturas estabilizadoras que limitem seus movimentos. Essas estruturas são ligamentos, cartilagens e músculos.

Ligamentos da articulação escapuloumeral

Sua principal função é limitar os movimentos da articulação. Sem o seu suporte a escapuloumeral é móvel demais e sujeita a lesões, subluxações e até mesmo deslocar-se totalmente Existem três principais ligamentos que atuam na articulação:

  • Ligamento coracoumeral;
  • Ligamento glenoumeral;
  • Ligamento umeraltransverso.

Também existe o labrum glenoidal e a bursa subacromial que auxiliam nessa estabilização. 

O labrum glenoidal é uma estrutura de cartilagem que molda a articulação, auxiliando na manutenção dos movimentos do úmero.

Já a bursa é uma bolsa preenchida com líquido sinovial que diminui o atrito entre as estruturas articulares. Essa também é uma das maiores bursas que encontramos no corpo. É comum encontrarmos a bursa inflamada gerando um quadro de dor aguda no paciente.

Lembre-se que os ligamentos sozinhos são incapazes de manter essa articulação estável. É aí que entram as musculaturas do complexo do ombro, é graças a ela que o manguito rotador consegue deslizar sem problemas sob o músculo deltóide. 

Elas também precisam estar fortalecidas e trabalhando de maneira funcional para evitar dores e lesões.

Músculos do complexo do ombro

Encontramos no ombro musculaturas que, à primeira vista, parecem bastante curtas. E isso especialmente quando comparamos essas estruturas a outros músculos espalhados pelo corpo. Mas não se engane, elas são potentes e possuem a capacidade de realizar diversos movimentos.

Eles também auxiliam na estabilização do ombro e frequentemente estão entre os culpados de patologias e lesões no ombro. Esse é um grande desafio que encontramos no ombro: fortalecer os músculos a ponto de estabilizar as articulações e ajuda-los a manter a mobilidade.

A instabilidade e a falta de mobilidade são dois problemas extremamente comuns nos ombros que recebemos em Studios. Ao fortalecer exageradamente algumas musculaturas do ombro arriscamos perder a mobilidade desse ombro.

Examinaremos aqui algumas das musculaturas mais importantes que atuam nessa região.

Deltóide

Esse é um músculo grande e poderoso que atua na articulação do ombro. Ele é facilmente identificável já que está localizado na parte superior da articulação. Ele é inervado por um ramo do plexo braquial.

Podemos dividir o deltóide em três partes com origens distintas. Elas são:

  • Clavicular: a parte anterior do músculo deltóide, tem origem no terço ântero-lateral da clavícula e função de flexão e flexão horizontal do ombro;
  • Acromial: a parte medial do músculo, tem origem no acrômio e função de abdução e extensão horizontal do ombro;
  • Espinal: a parte posterior do músculo, com origem na espinha escapular e função de extensão horizontal do ombro.

Todas essas partes têm inserção no tubérculo deltóide, terço médio da região lateral do úmero.

Sua principal função é estabilizar a articulação escapuloumeral. Sua contração pode ser tanto sinergista quanto agonista, dependendo da posição o úmero.

Supra-espinhal

O supra espinhal é um dos músculos do manguito rotador. É comum encontrarmos lesões nesse músculo relacionados ao manguito devido ao seu posicionamento que o faz ficar sob o acrômio favorecendo o impacto quando realizados movimentos de grande amplitude.

Suas  origem é na fossa supra-espinal e sua inserção no tubérculo maior do úmero tendo como função a abdução do ombro.

Serrátil anterior

Esse é o músculo responsável pela ligação entre a escápula e a caixa torácica. Ele tem origem na na superfície das nove costelas superiores no lado do tórax e inserção na face anterior de toda a borda medial da escápula.

Devido a essa inserção na escápula percebemos que o serrátil anterior é um dos músculos responsáveis por regular os movimentos da escápula sendo responsável pela sua abdução e rotação superior. 

Olhando de forma global ele tem papel quando realizada a rotação interna, flexão horizontal, abdução e flexão do ombro. Por isso, ele está relacionado ao ritmo escapuloumeral, que discutiremos mais à frente no artigo. 

O músculo serrátil anterior é principalmente responsável por deslizar a escápula sobre a caixa torácica e fundamental para tratamento de disfunções como a escápula alada, que falamos anteriormente.

Quando pensamos de forma ainda mais abrangente, para trabalhar de maneira adequada e estabilizar o ombro, juntamente com a cintura escapular, o serrátil anterior precisa da ajuda dos oblíquos internos e externos por serem componentes da cadeia cruzada do tronco.

Trapézios

Os trapézios são divididos em trapézio ascendente, descendente e transverso. Eles são músculos superficiais cobrindo uma área que vai da cervical, passa pela escápula e se insere na altura da última costela. 

Mais detalhadamente origina-se na base do crânio, ligamento do pescoço, espinhas da C7 e todas as vértebras torácicas (T1-T12). A inserção é na clavícula distal, processo do acrômio e espinha da escápula. 

Devido às origens tão distantes, convergindo para um mesmo ponto de inserção, a orientação das fibras entre suas três porções confere ao trapézio funções até mesmo antagônicas. 

Por exemplo, o trapézio ascendente é responsável pela depressão e rotação superior da escápula, enquanto o trapézio descendente realiza a elevação e rotação superior. Dessa forma eles são sinergistas e antagônicos ao mesmo tempo. Esse exemplo mostra a complexidade que é intervir no complexo do ombro. Já o trapézio transverso realiza a abdução das escápulas.

Ao pensar em um programa de intervenção envolvendo os trapézios lembre-se de avaliar com cuidados os movimentos do ombro que contam com a participação desse músculo.

O trapézio, em especial o trapézio superior, fica tensionado em casos de lesão no ombro. Alguns confundem a tensão no trapézio com força, especialmente em indivíduos com o corpo mais condicionado. Porém, isso não é verdade.

A tensão precisa ser liberada para conseguirmos tratar a lesão ou patologia do ombro.

Peitoral menor

Percebemos que muitos profissionais esquecem da importância do peitoral menor para os movimentos do ombro. Realmente, se compararmos o peitoral menor com trapézio, deltóide ou serrátil anterior ele passa um pouco despercebido. 

Porém, ele é responsável pela abdução, depressão, e rotação inferior da escápula. Seu papel na rotação inferior está intimamente ligado à adução e a extensão do ombro. Além disso, por ser um abdutor da escápula e estar envolvido na flexão horizontal do ombro, quando tensionado esse músculo pode gerar protrusão e rotação interna do ombro.

Sem contar que, os movimentos realizados pelo serrátil anterior tendem a  diminuir o espaço articular o que pode contribuir para o desenvolvimento de patologias do ombro, como a síndrome do impacto.

Alguns fatores que deixam este músculo tão propenso a encurtamentos e compensações são:

  • Ombros em rotação interna por muito tempo;
  • Disfunções articulares, especialmente da glenoumeral;
  • Disfunções respiratórias.

Além disso, o peitoral menor está localizado junto de diversos outros músculos. O que quer dizer que se um aluno está com encurtamentos nesse músculo esse problema provavelmente estará gerando compensações e cadeia.

Note que a postura tem uma grande influência nessa musculatura. Em geral, pessoas sedentárias, que passam boa parte do dia sentadas em frente a uma tela, desenvolvem encurtamentos no peitoral menor. Você encontrará situações assim com muita frequência em seu Studio e em pacientes com dores no ombro.

Essa musculatura costuma estar desequilibrada quando os alunos apresentam movimentos alterados da escápula. Sua origem está nos processos transversos das vértebras cervicais superiores (C1-C4), com inserção na borda medial da escápula acima da espinha.

Rombóides

Os romboides estão localizados na parte medial do tórax sobre as primeiras costelas e entre as vértebras e a borda medial da escápula. Eles são divididos em duas partes, maior e menor.

Quando contraídas, essas musculaturas aproximam a escápula da coluna vertebral no plano frontal realizando a adução das escápulas. Além disso, devido à inclinação das suas fibras, também consegue realizar a rotação superior e a elevação dessas estruturas.

Ritmo escapuloumeral

Por ser um conjunto de articulações bastante complexo, o ombro precisa de musculaturas e articulações funcionando juntas. De acordo com a posição e amplitude de movimento do ombro as musculaturas e articulações em movimento mudam.

No caso da escápula não existe movimento até os 30º de abdução ou flexão do ombro, o movimento nessa amplitude acontece na articulação glenoumeral. Para que o movimento acima dessas amplitudes seja possível existe o ritmo escapuloumeral.

Ele é o movimento coordenado da articulação glenoumeral e da cintura escapular para garantir a grande amplitude de movimentos do ombro. 

Quando esse ritmo está alterado teremos uma alta possibilidade de desenvolver patologias, lesões e problemas na região do ombro.  

Manguito rotador

O manguito rotador é um conjunto de músculos e tendões responsáveis por estabilizar as articulações do ombro durante o movimento. 

O manguito rotador é o grupo de músculos com o papel principal de estabilizar a articulação glenoumeral. Devido a sua amplitude de movimento ela é extremamente instável.

Além disso, a cápsula articular da glenoumeral é rasa demais para manter a cabeça do úmero bem posicionada. Por isso, sem a ação do manguito, a articulação glenoumeral está sob risco de deslocamento constante.

O manguito rotador é formado por quatro músculos:

  • Supra-espinhal;
  • Infra-espinhal;
  • Redondo menor;
  • Subescapular.

Em muitos casos de lesões e patologias do ombro encontramos um manguito rotador enfraquecido. Como vimos, um manguito enfraquecido leva à instabilidade no complexo do ombro

Precisaremos trabalhar com o fortalecimento das musculaturas do manguito na maioria dos processos de reabilitação do ombro.

Estabilidade e mobilidade do ombro

O complexo do ombro vive em contradição: precisa de mobilidade o suficiente para se movimentar com qualidade e de estabilidade o suficiente para evitar lesões

Adivinhe, boa parte dos ombros que encontramos nos Studios tem uma dessas características exagerada ou em falta.

Você encontrará complexos do ombro sem mobilidade ou sem estabilidade com muita frequência. Se não fossem os estabilizadores dinâmicos do ombro as articulações, em especial a glenoumeral, teriam pouquíssima estabilidade. 

Portanto, um dos pontos centrais de qualquer reabilitação do ombro é o fortalecimento dos estabilizadores do ombro.

Avaliação do complexo do ombro

O aluno chega em seu Studio com dor no ombro, o primeiro passo para começar a tratá-la é uma boa avaliação. Agora que relembramos algumas características do complexo do ombro podemos aprender como realizar uma avaliação mais eficiente.

Começaremos analisando seu histórico clínico. Pergunte ao paciente sobre episódios anteriores de dor no ombro e lesões na região. Nesse momento você também deve descobrir quais os movimentos que mais causam dor no aluno, se existe alguma atividade específica que piora o quadro e há quanto tempo ele sente esse desconforto. 

O histórico clínico não é capaz de te dar um diagnóstico completo do corpo desse paciente, mas te dará uma direção para seguir no restante da avaliação.

Depois de passar pelo histórico clínico você está pronto para começar a avaliação física. Agora é o momento de avaliar o ombro em todos os planos de movimento, entendendo mais sobre suas limitações de movimento.

Os testes dinâmicos e estáticos são essenciais para determinar qual é o verdadeiro problema desse ombro. Analisaremos a força muscular das principais musculaturas estabilizadoras do ombro e também sua postura. A avaliação postural será um ponto importante para determinar tensões nas musculaturas do ombro e compensações relacionadas à coluna torácica.

Um detalhe: nunca avalie somente o ombro. Devemos entender todo o corpo e suas compensações. Você deverá descobrir outras queixas de dores e desconfortos do paciente, mesmo que pareçam não relacionadas. Avalie os movimentos de outras regiões e também a força das musculaturas de base do corpo.

Principais patologias do Complexo do Ombro

Patologias que acometem o complexo do ombro são muito comuns, com certeza já sentimos alguma dor nessa região, ou conhecemos alguém que tem ou já teve. 

Isso se dá devido a quantia de movimentos que realizamos com essa estrutura durante todas as nossas atividades de vida diária.

Existem várias patologias que acometem o ombro, dentre essas, podemos destacar algumas:

Bursite

O que é?

Corresponde a inflamação em uma estrutura presente nas articulações chamada Bursa, que tem a função de facilitar o deslizamento dos tendões. 

O que causa? Quais são as consequências?

A inflamação dessa estrutura vai gerar dor na região durante a palpação local ou movimentos de flexão e abdução do braço. Além disso, essa inflamação pode gerar um aumento da bursa, aumentando ainda mais a dor e limitação dos movimentos. 

Tendinites

O que é?

Corresponde a inflamação nos tendões, principalmente nos tendões dos músculos do manguito rotador e no tendão da cabeça longa do bíceps devido a quantidade de movimentos que realizamos e função que eles exercem. 

O que causa? Quais são as consequências?

Essa patologia tem como principal causa o movimento repetitivo em determinada estrutura.  

Pode ser bastante limitante devido a dor apresentada pelo paciente.

Síndrome do impacto 

O que é?

É a diminuição do espaço que há na articulação onde estão presentes os tecidos moles. 

O que causa? Quais são as consequências?

No complexo do ombro, podem haver alterações nas superfícies dos ossos que circundam a bursa e os tendões, sendo que essas alterações ocorrem principalmente no acrômio. 

Havendo isso, podem ocorrer atritos nas estruturas, gerando dor. Essa patologia causa dor principalmente durante a flexão e abdução de ombro, pois é como se as estruturas moles (bursa e tendões) ficassem sem espaço e fossem comprimidas durante o movimento. Geralmente ocorre bastante limitação na amplitude de movimento .

Lesões e rupturas no Manguito Rotador

O que é?

É a ruptura total ou parcial de um tendão.

O que causa? Quais as consequências?

Esse tipo de lesão ocorre devido a traumas, mas também pode ser decorrente de algum outro fator que leva a ruptura com o passar do tempo, por exemplo, enfraquecimento muscular. 

Se o músculo está fraco, pode ser que o tendão se rompa quando for solicitado para um trabalho que exija um pouco mais de força ou até mesmo durante um movimento brusco. 

Na prática clínica é comum encontrar pacientes que não relatam trauma e mesmo assim apresentam diagnóstico de ruptura parcial ou total de algum tendão, muitas vezes relatam apenas um movimento brusco. 

No caso de ruptura parcial, o paciente geralmente apresenta dor durante a movimentação, além de diminuição da amplitude de movimento, já na ruptura total, muitas vezes, o paciente não consegue realizar o movimento ou sustentar o membro.

Geralmente pacientes que apresentam ruptura total são encaminhados para procedimento cirúrgico, já quando há ruptura parcial, muitas vezes se opta pelo tratamento conservador. O tendão do músculo supra-espinhal geralmente é o mais acometido do manguito rotador.

Artrite e Artrose de ombro

O que é?

É o desgaste da cartilagem presente entre estruturas ósseas em uma articulação.

O que causa? Quais as consequências?

Ocorre quando há degeneração da cartilagem que é responsável por auxiliar a diminuição de impacto entre as estruturas ósseas. Ao “perder” essa cartilagem, o atrito entre as estruturas irá gerar inflamação (artrite). 

Essa condição está presente principalmente em idosos, porém existem casos de adultos jovens que já apresentam um início desta patologia. Causa grande limitação funcional devido a dor pois é como se o osso estivesse raspando no outro durante o movimento.

Capsulite Adesiva ou Ombro congelado 

O que é?

É uma patologia caracterizada por rigidez articular fibrosa, que impossibilita o livre movimento do membro, deixando-o “rígido”.

O que causa? Quais as consequências?

Caracterizado por rigidez articular fibrosa. Pode estar relacionada a períodos prolongados de desuso do membro (ex.: imobilização). 

Nessa patologia existe grande limitação funcional pois o ombro perde muito de sua amplitude de movimento, tanto passiva quanto ativa. Associado a isso, pode haver perda de força muscular devido a capacidade de movimento diminuída. 

Conclusão

Os ombros, juntamente com a cintura escapular, formam um conjunto articular bastante complexo, sendo propenso a desenvolver diversas formas de lesões e patologias. 

Quando o aluno nos procura para tratar seus problemas de ombro, ou escapulares, ele espera resultados rápidos para voltar a suas atividades diárias. 

E isso é algo impossível de oferecer sem entender muito bem o funcionamento e interação de todas as articulações do ombro e cintura escapular, bem como a ação dos diversos músculos envolvidos nos seus movimentos.

A partir do conhecimento sobre essa articulação conseguimos fazer uma avaliação completa e montar um tratamento eficiente. Está pronto para colocar em prática todo esse conhecimento?



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sexta-feira, 28 de agosto de 2020

5 benefícios do Aquecimento Funcional para atletas [INFOGRÁFICO]

O desempenho do seu aluno atleta na aula tem tudo a ver com o aquecimento. Essa fase inicial está relacionada à melhora no metabolismo energético e também à prevenção de lesões no esporte.

Mesmo assim muitos profissionais ainda ignoram a importância de um aquecimento funcional para atletas. Vemos isso todos os dias, aluno que chega no Studio para treinar, dá uma esticada nas pernas rápidas e vai direto para os equipamentos.

Se em praticantes de atividades físicas convencionais essa prática já traz problemas, imagine em um atleta. Lembre-se que ele tem um treino intenso e específico pela a frente e é seu papel como instrutor garantir seu bem-estar.

Nesse artigo vamos aprender como o aquecimento funcional para atletas consegue beneficiá-lo e também prevenir lesões. Continue lendo para entender melhor.

Fatores importantes para prevenir lesões no esporte

Como você viu no infográfico, o aquecimento ajuda a:

  • Melhorar o consumo energético do aluno;
  • Lubrificar as articulações;
  • Melhorar os reflexos e coordenação motora.

São muitos benefícios, mas para conseguir isso você deve incluir alguns fatores no aquecimento. O primeiro deles é a intensidade. Sei que muita gente acaba poupando o aluno no aquecimento porque tem uma aula intensa pela frente.

Mas isso é pouco eficiente e deixa seu aluno mal preparado. Como você pode deixá-lo fazer um aquecimento leve se a aula será extremamente cansativa? Prepare-o para o que ele realmente vai fazer.

Os exercícios também devem ser direcionados para a aula. Nada de fazer um alongamento aleatório que mal encosta nas articulações que serão utilizadas. Sua intenção é incentivar o corpo a lubrificar as articulações para evitar lesões.

Conclusão

Um bom aquecimento é a melhor maneira de iniciar sua aula. Através dele você conseguirá um melhor rendimento do aluno esportista e também prevenirá lesões de maneira eficiente.

Espero que esse infográfico tenha te convencido a utilizar aquecimento funcionais para atletas em suas aulas. Te garanto que você e seu aluno verão o resultado no desempenho esportivo.



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quarta-feira, 26 de agosto de 2020

6 erros fatais no tratamento da dor lombar e como corrigi-los

Sabe o que qualquer profissional minimamente qualificado deve oferecer ao seu aluno? Resultados. Inclusive no tratamento da dor lombar, algo tão comum nos nossos Studios.

Quando falo de resultados não quero dizer um alívio temporário da dor. Qualquer um consegue isso através de analgésicos ou relaxantes musculares, e isso sem sequer serem formados em fisioterapia.

O que quero dizer é resolução da patologia, melhora nos padrões de movimento e retorno às atividades diárias e esportivas. Se você consegue isso para seu aluno, ele se lembrará muito bem, estará disposto a dar indicações e a continuar com você. Caso contrário, tenho certeza que ele consegue encontrar outro Studio de Pilates a duas quadras do seu.

Por isso, é importante conhecer alguns erros que às vezes cometemos ao tratar nossos pacientes. Preste muita atenção em cada um deles, porque eles são capazes de acabar com todo seu tratamento.

Nesse artigo você verá com detalhes cada um desses erros comuns no tratamento da dor lombar e também,  aprenderemos como evitá-los para melhorar cada vez mais. 

Se você quer continuar aprendendo e dar o melhor atendimento para seus pacientes continue lendo!

1. Esquecer de testar articulações próximas

O corpo é um conjunto de articulações e musculaturas conectadas. O que quer dizer, que desequilíbrios em articulações próximas certamente podem estar por trás do problema na lombar.

Quem me acompanha sabe o que sempre digo: qualquer tratamento ou reabilitação precisa ser global. De nada adianta tratarmos a lombar de maneira isolada. Se o desequilíbrio permanece em outro local a dor pode até desaparecer temporariamente, mas voltará. E pior: o aluno talvez desenvolva novos desequilíbrios pelo corpo.

Nesse tópico focarei no quadril e na coluna torácica para entendermos melhor como isso acontece.

Quadril e tratamento da dor lombar

O quadril é uma articulação extremamente estável que, às vezes, acaba com movimentos dificultados. Essa situação é muito comum, especialmente por passarmos muitas horas do dia sentados.

Se o problema ficasse claro e a dor ficasse somente no quadril seria mais fácil de tratar. Mas nem sempre as dores ficam limitadas ao quadril, na maioria dos casos elas nem aparecem no quadril.

É extremamente comum encontrarmos casos com dor referida do quadril para a coluna lombar. Isso acontece porque para compensar a pouca mobilidade do quadril, a lombar acaba com mobilidade em excesso.

Além disso, encurtamento de musculaturas do quadril podem gerar compensações na região da lombar. Isso acaba levando a dor e ainda mais compensações.

Até problemas na articulação sacroilíaca podem ser facilmente confundidas com dor lombar. Portanto, uma só uma avaliação completa te ajudará a determinar o real problema desse aluno.

Coluna torácica e dor lombar

Como a lombar é a continuação da torácica conseguimos facilmente entender que dificuldades em uma região afetam a outra. Além do efeito das cadeias musculares e fáscias, também podemos citar a influência que essa continuidade das articulações gera.

Assim como o quadril, a torácica é mais rígida que outras partes da coluna. Isso acontece por sua junção com a caixa torácica, que limita seus movimentos. Apesar disso, ela ainda precisa se mover.

Seus movimentos estão relacionados com o funcionamento dos ombros, a respiração e diversos outros fatores. E quando ela não consegue realizar suas funções alguém terá de compensar com mobilidade, nesse caso será a lombar.

Uma coluna torácica imóvel gera tensões musculares importantes para a coluna lombar e também falta de estabilização. Ou seja, é bastante comum encontrarmos alunos com pouca mobilidade de coluna torácica que sofrem com dor lombar.

Para um bom tratamento da dor lombar precisaremos reabilitar também a coluna torácica.

2. Esquecer de trabalhar membros inferiores

Não são só as articulações próximas à coluna lombar que tem capacidade para gerar a dor. Uma musculatura tem importância especial: o glúteo máximo.

Pense direitinho e decida, quantos dos seus alunos iniciantes apresentam ativação de glúteos pouco eficiente. Fique sabendo que essa condição é bastante comum e é conhecida como amnésia glútea.

Existe uma grande probabilidade de a amnésia glútea estar por trás de muitos casos de dor lombar inespecífica. Comecemos entendendo o papel dessa musculatura no movimento.

O glúteo máximo está por trás de ações tanto do quadril quanto da lombar. Assim, em praticamente qualquer processo de reabilitação, quando ele está pouco ativado teremos uma compensação importante por parte dos isquiostibiais

Os isquiotibiais também conseguem realizar a extensão do quadril e muitas vezes substituem os glúteos nessa ação. Porém, não é uma compensação eficiente para o corpo. Ao realizar a extensão do quadril essa musculatura também aumenta a curvatura da lombar.

É importante lembrar também que o glúteo máximo e o músculo Psoas auxiliam na estabilização da região lombo-sacral. Sem sua ação a articulação sacroilíaca perde estabilidade. A partir da disfunção da sacroilíaca podemos ter problemas em algumas regiões da lombar que ficam comprometidas.

Por fim, o glúteo máximo também está conectado à fáscia toracolombar. Tensão ou desequilíbrios nessa musculatura também afetarão musculaturas eretoras da coluna. Portanto, a estabilidade lombar ficará ainda mais prejudicada.

Toda a coluna sofre com a amnésia glútea, mas a lombar em especial. Nunca inicie o tratamento da dor lombar sem avaliar o glúteo máximo e sua ativação. Possivelmente, esse é um dos problemas que aflige seu aluno.

Sem consertar essa região você dificilmente conseguirá resolver a lombalgia.

3. Limitar os movimentos do aluno

Pelo que percebo atendendo alunos e pacientes, muitas pessoas chegam para nós já com medo de se mover. Quando alguém levanta da cadeira e sente uma dor lombar aguda, geralmente vai se limitar naquele movimento de agachar.

E a situação piora quando esse aluno já passou por alguns médicos. A maioria recomenda repouso como parte do tratamento, então o aluno entende que não deve mais fazer alguns gestos. Ele só esquece que com o repouso seu corpo criará ainda mais compensações musculares.

Sem se mover esse corpo ficará limitado, com musculaturas enfraquecidas e incapazes de suportar a carga que precisam. E sabem qual é o resultado do enfraquecimento? Se você leu com cuidado o tópico anterior já viu como a falta de ativação de um músculo prejudica todo o corpo.

Agora imagine como está o corpo de alguém que tem medo de se mexer e prefere ficar de repouso.

“Eu vou trabalhar com o meu aluno mesmo que ele sinta dor?”

Calma, não é para tanto. A dor é um aviso de que chegou a hora de parar, independentemente do movimento que estamos fazendo. Se durante o tratamento da dor lombar a pessoa reclamar em um exercício você para e troca de técnica.

O que podemos fazer pelo aluno com dor é aliviar sua dor. Lembrando que esse é o primeiro passo no tratamento da dor lombar, e de praticamente qualquer dor. Sempre começamos aliviando a dor para depois termos maior liberdade para fazer os exercícios.

Conseguimos esse alívio através de algumas técnicas como:

  • Uso de gelo ou calor;
  • Terapia manual;
  • Massagens;
  • Liberação miofascial;
  • Acupuntura;
  • Dry needling.

O profissional escolhe a técnica que achar melhor e mais conectada com seu estilo de trabalho. Após o alívio chegou a hora de recuperar os movimentos do seu aluno, que não pode mais ser limitado.

Preparando o corpo para o movimento

Quero que você saiba que não podemos simplesmente evitar um movimento que causa dor. Mas também é um erro forçar o aluno a fazer um exercício dolorido. Parece que assim fica um pouco difícil de trabalhar, não?

Calma, é bem mais simples do que você pensa. Para conseguir levar o aluno àquele movimento você precisará fazer uma preparação. Comece descobrindo o que o limita e causa dor no tratamento da dor lombar. É falta de mobilidade, pouca estabilidade, encurtamento muscular, tensão muscular?

Encontre a resposta e comece a corrigir. Depois você deverá introduzir versões simplificadas do movimento que o aluno deverá fazer. Com essas versões ele treinará seu corpo e o deixará preparado para avançar.

Darei um exemplo da extensão lombar, um movimento que geralmente é difícil para os pacientes com lombalgia. Para conseguir introduzi-lo nos exercícios poderemos usar um processo de preparação que apresento nos vídeos abaixo.

4. Avaliar somente os exames de imagem

Sabe quando o aluno chega no seu espaço cheio de exames nas mãos? Ele joga tudo na sua frente e deixa que entenda qual é a patologia que tem e o tratamento através deles.

Os exames de imagem são importantes? Claro que são. Existem diversas patologias que só conseguimos confirmar através deles. Porém, os exames não são tudo, o corpo é um emaranhado complexo de fatores que levam à dor.

Você só consegue observar o corpo por completo ao observar seu movimento. Uma imagem te ajuda a se orientar em relação à patologia. Mas ele não indica que seu aluno possui o hábito de sentar com a postura errada e uma torácica pouco móvel.

Ele também não te conta que ele tem uma musculatura pouco ativada em certa região e que isso causa problemas na hora da corrida matinal dele. 

Existem inúmeros fatores externos que também levam ao surgimento da patologia. Se nosso trabalho fosse tão fácil a ponto de conseguirmos manipular uma coluna e resolver a dor ninguém precisaria estudar tanto para isso.

Para que o tratamento da dor lombar seja eficiente você precisa ver o corpo como um todo. Compreenda que não está trabalhando com aquela coluna mostrada no exame de imagem, mas sim com uma pessoa.

Ao trabalhar dessa maneira você também perceberá a importância de trabalhar com o psicológico do aluno. Muitos têm movimentos limitados por insistirem nisso. Lembre que patologias como hérnia de disco e escoliose nem sempre estão ligadas à dor. O psicológico também tem muito a ver com isso.

5. Não corrigir compensações durante o exercício

Sei que é chato ficar corrigindo o aluno todo o tempo, especialmente quando estamos trabalhando com alguém com pouca consciência corporal. Manter um olhar atento no seu aluno enquanto ele se exercita é essencial para identificar as compensações.

O problema é que muitos profissionais não sabem o que fazer com essas compensações depois. O ideal é corrigir seu aluno e tentar levá-lo a um movimento perfeito. Claro que você não conseguirá corrigir tudo, até porque a aula ficaria muito chata.

O que é possível, é mostrarmos o exercício perfeito para o aluno e fazer pequenos apontamentos enquanto ele se movimenta. Também podemos usar os próximos exercícios para corrigir essa compensação e mostrar como fazer direito.

O importante é em algum momento da aula conseguir consertar esse padrão errado de movimento. Imagine que você percebeu que um aluno está fazendo uma extensão exagerada de quadril para se mover. Se deixar que isso continue ele acabará piorando a dor lombar enquanto realiza atividades em casa ou no trabalho.

Também é importante lembrar que não conseguiremos corrigir todos os movimentos errados só com instruções. Muitas vezes essa compensação acontece pela ativação errada ou tensão de algum músculo relacionado. O aluno dificilmente conseguirá fazer a correção de maneira consciente.

Em casos assim também devemos utilizar outros exercícios para preparar o movimento. Mesmo que a aula inteira seja gasta para melhorar aquela característica do aluno, saiba que você está evoluindo com o tratamento da dor lombar. As compensações no movimento estão por trás da dor.

6. Deixar o aluno se automedicar

Geralmente antes de alguém procurar um instrutor de Pilates o costume é tentar dar um jeito sozinho. Infelizmente, quase todo mundo tem um analgésico em casa que é praticamente um remédio mágico.

Na hora que a dor aparece a pessoa simplesmente vai lá, toma o remédio e espera passar. Ninguém pensa que pode ser uma patologia ou desequilíbrio importante e que deve ser tratado.

Quando o paciente resolve procurar alguém para ajudar no tratamento da dor lombar ela já virou um conjunto de compensações bem complexas. E para piorar ainda mais nosso trabalho, o aluno continua a se automedicar depois de começarmos o tratamento.

Existem vários problemas com o uso de remédios para piorar a dor. O primeiro deles é o vício. Quando alguém está acostumado a sentir alívio só com remédios ele terá dificuldade em sentir alívio de outra maneira.

Na mente desse paciente o remédio é a única maneira de parar a dor, e seu corpo responde a isso. Automedicação é um grande problema que pode até colocar o tratamento em risco. E mesmo quando os remédios são recomendados por um médico, seu uso em excesso é bastante prejudicial.

Atletas que usam relaxantes musculares para dor, por exemplo, podem colocar seu corpo em risco durante o treino. O ideal é usar o medicamento somente nas ocasiões recomendadas pelo médico ou quando a dor é excessiva.

Se você tem um aluno que costuma usar medicamentos para sentir alívio na dor com frequência tente aconselhá-lo. Aproveite para ensinar alguns meios alternativos para melhorar, como autoliberação miofascial, alongamentos ou exercícios.

Você pode deixar esses exercícios como “dever de casa” do paciente, ajudando-o a prevenir a dor. É bem melhor que ficar se enchendo de analgésico e relaxante muscular por nada, concorda?

Conclusão

Percebemos como um tratamento da dor lombar localizado não é nada eficiente. Talvez você até consiga aliviar a dor a princípio, mas sem corrigir as disfunções que geraram a dor o resultado é momentâneo.

Eventualmente seu aluno voltará a sentir dor lombar e sua reputação como profissional diminuirá. Então por que insistir em tratamentos localizados, se podemos fazer uma boa avaliação, descobrir o problema real e proporcionar melhor bem-estar?

Compreendendo esse fator importantíssimo, podemos destacar alguns pontos essenciais no tratamento da dor lombar. 

O primeiro deles é a influência de articulações próximas. O quadril e a coluna torácica, por exemplo, talvez estejam entre as causas.Como o corpo é completamente conectado, uma disfunção em alguma dessas partes se espalha e a lombar é frequentemente a vítima. 

Também devemos lembrar da importância de algumas musculaturas de membros inferiores como o glúteo máximo.

O glúteo, em especial, é fonte de uma série de compensações maléficas quando pouco ativado. A lombar apresentará essas compensações em forma de dor, mas todo o corpo está sofrendo com elas. Portanto, lembre-se de fortalecer e melhorar a ativação dessa musculatura e todas musculaturas de sustentação do corpo.

Outro ponto que vale a pena lembrar é como a avaliação mudará os resultados do seu aluno. É só através dela que conseguimos perceber quais musculaturas estão pouco ativadas, articulações compensando, etc.

Devemos saber muito bem como os hábitos do aluno influenciam na patologia para pode corrigi-la através do tratamento.

Se você evitar cometer esses 6 erros o tratamento da dor lombar terá grandes chances de sucesso. Conheça sempre muito bem seu aluno e suas particularidades, isso é essencial antes de aplicar exercícios como os descritos nesse blog.



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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

Pilates para emagrecimento: como elaborar aulas para perda de calorias?

De acordo com o levantamento realizado pelo Ministério da Saúde, mais da metade da população brasileira (55,7%) está acima do peso, ou seja, com o Índice de Massa Corporal maior que o valor considerado ‘normal’ pela OMS – Organização Mundial da Saúde

E quais são os impactos desse cenário? Pessoas com menos qualidade de vida e mais chances de desenvolverem patologias. Afinal, para ter uma vida com mais saúde, é essencial ter um corpo equilibrado em relação a gordura e massa magra corporal.

Mudanças de hábitos e estilo de vida, como manter uma dieta balanceada e incorporar a prática de exercícios físicos na rotina, sem dúvida alguma, são soluções bastante eficazes. 

Mas será que nossos alunos podem contar com a ajuda do Método para emagrecer? Continue lendo esta matéria e veja como trabalhar e preparar aulas de Pilates para emagrecimento

É possível utilizar o Pilates para emagrecimento?

O exercícios de Pilates são considerados anaeróbicos, portanto, não estão presentes no topo da lista das atividade físicas que mais queimam calorias, isto é, não está diretamente relacionado ao emagrecimento. 

Contudo, a modalidade promove uma grande transformação no condicionamento físico, na consciência corporal e no estilo de vida dos praticantes.

Um artigo publicado em 2011 mostra que a prática de exercícios de resistência, como o Pilates, durante um tempo aproximado de 8 semanas é capaz de diminuir em 13% a gordura do fígado. 

Mesmo que os números não espelham-se diretamente na balança, é possível sim utilizar o Pilates para emagrecimento, pois seus exercícios aceleram o metabolismo (gasto calórico) e favorecem a formação de músculos, aumentando o gasto calórico mesmo parado – assim como outras atividades quando alinhadas à uma alimentação saudável. 

Não podemos esquecer que o Método Pilates vai muito além de perda de peso, o foco dos exercícios visam o bem-estar geral dos nossos alunos!

Bem-estar e mais qualidade de vida

Como mencionei anteriormente, o Pilates tem como objetivo principal melhorar algumas capacidades físicas, sendo elas: respiração, postura, tonificação dos músculos, melhora da flexibilidade e equilíbrio.

A modalidade trabalha com exercícios globais atingindo diversos grupos musculares ao mesmo tempo. Sempre com fluidez, os movimentos são executados de forma lenta e controlada a fim de exercitar os músculos de dentro para fora do nosso corpo.

Para isso, é necessário sempre levarmos em consideração os 5 princípios

  1. Respiração pela caixa torácica – puxando o ar pelo nariz e soltando pela boca;
  2. Organização crânio vertebral – organização da coluna e do crânio obedecendo as curvaturas fisiológicas;
  3. Controle do centro e dissociação de quadril – exercitando-se partindo da casa de força;
  4. Organização da cintura escapular – alinhamento e descarga de peso dos membros superiores;
  5. Organização e alinhamento de quadril – descarregando o peso nos membros inferiores.

Como elaborar aulas de Pilates para emagrecimento?

Primeiro, vamos lembrar de alguns fatores que podem determinar o ritmo do emagrecimento:

  • Genética;
  • Hormônios;
  • Estilos vida;
  • Qualidade do sono;
  • Fator idade;
  • Psicológico e emocional. 

Uma aula de Pilates pode queimar de 250 até 600 calorias de acordo com a intensidade que  o aluno realiza os exercícios.

A forma como é conduzida o exercício também vai influenciar diretamente na balança, no consumo energético e na ingestão dos alimentos.

A queima de gordura vai acontecer de forma bem organizada e o tecido adiposo é o principal reservatório energético do organismo. Quando o corpo realiza a lipólise, aumenta a concentração de ácidos graxos livre que serão levados ao músculo para serem utilizados como fonte de energia nas atividades propostas pelo instrutor.

Para potencializar os resultados é preciso aliar a prática do Pilates a outro exercício físico que promova maior gasto calórico.

Um estudo acompanhou 15 mulheres jovens e saudáveis através de duas rotinas de MAT Pilates, uma para novatas e uma rotina para avançadas.Todas as mulheres tinham pelo menos um entendimento intermediário de Pilates e foram autorizadas a prática de rotina antes do teste. 

Os pesquisadores mediram a taxa de esforço, consumo de oxigênio, frequência cardíaca e calorias queimadas durante cada rotina. Apesar de ambas não conseguirem elevar a frequência cardíaca a nível aeróbico, a taxa de percepção de esforço indicado foi de uma rotina muito mais desafiadora do que os batimentos cardíacos poderiam sugerir. 

Mulheres na rotina para novatas experimentaram uma taxa de percepção de esforço de 14 (moderado difícil) na escala de Borg, que vai de 6 a 20. Já as mulheres que executaram a rotina avançada, relataram uma taxa de 16 (muito difícil). Ou seja, estes resultados indicam um condicionamento muscular de alto nível, que está ausente em muitas rotinas aeróbica.

Além disso, as mulheres na rotina iniciante queimaram 105 calorias em 50 minutos, e na rotina avançada queimaram 254 calorias; o que são bons indícios de que realmente é possível utilizar o Pilates para emagrecimento

Método Pilates aliado à outras modalidades

Hoje temos também a modalidade de Cross Pilates em que o gasto calórico pode chegar até 700 calorias por aula de 40 a 50 minutos.

A modalidade de Cross Pilates une os princípios do Pilates com os do Treinamento Funcional, deixando assim, a aula mais intensa e desafiadora, apresentando resultados bem visíveis já nos primeiros meses da prática.

Para atingirmos o emagrecimento de forma satisfatória os exercícios obrigatoriamente tem que envolver vários segmentos corporais. A prática é indicada pelo menos três vezes por semana para ajudar na perda de gordura, podendo desenvolver um trabalho em circuito dentro do Método Pilates.

 A escolha do profissional, sua dedicação e determinação faz toda a diferença no final.

Conclusão

Agora te pergunto: vale a pena praticar Pilates para emagrecimento? Sim, com certeza!

Além do Pilates servir como uma base para o emagrecimento, o Método é também uma forma dos seus alunos melhorarem outras áreas da vida e do corpo.

Antes de começar a praticar, é importante que o aluno consulte um médico e um nutricionista para fazer uma boa dieta, definir a taxa metabólica basal e verificar se não há nenhum problema de saúde que possa prejudicar ou impedi-lo. 

E ainda, encontrar um instrutor de Pilates que seja capacitado e que saiba atendê-lo da melhor forma e consiga ajudá-lo a alcançar seus objetivos.

Por isso, se você quer se aperfeiçoar ainda mais no Método e aprender como trabalhar com o Pilates para emagrecimento, te convido a conhecer o MAT Pilates Fitness desenvolvido pela especialista internacional Nany Sevilla. Curso online destinado à profissionais do movimento que desejam inovar os exercícios no solo e utilizá-los para definição e tonificação muscular. 



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sexta-feira, 21 de agosto de 2020

6 exercícios funcionais para idosos que irão proporcionar mais qualidade de vida

O país está sofrendo uma mudança rápida e nossos espaços também. Essa mudança conseguirá alterar a forma como atendemos, tratamos e exercitamos nossos pacientes. E quem não conseguir acompanhá-la pode se considerar fora do mercado.

Conseguiu adivinhar de qual mudança estou falando?

É o envelhecimento da população brasileira, que também afeta diversos países pelo mundo. Conforme a população envelhece os serviços oferecidos devem acompanhá-la para garantir que a terceira idade não perda de qualidade de vida.

E qual é o papel dos exercícios funcionais para idosos nisso tudo? Bem, eles são extremamentes essenciais para manter ou recuperar a qualidade de vida e a independência.

Idosos sedentários têm maior probabilidade de sofrer quedas, ter problemas cardiovasculares e diversos outros malefícios. Isso quer dizer que se exercitar eventualmente será quase obrigatório para os mais velhos.

E nós, profissionais do movimento, precisamos estar preparados. Esse motivo me levou a separar 6 exercícios funcionais para idosos que podem trazer muitos benefícios.

Se você quer conhecer cada um deles e compreender como eles ajudam na qualidade de vida do seu aluno continue lendo!

6 Exercícios Funcionais para idosos

1. Prancha

Um problema bem comum em nossos pacientes mais idosos é a dor lombar. Problemas na coluna se tornam cada vez mais normais na população em geral, principalmente por causa do estilo de vida moderno.

Os idosos sofrem em especial: além de passarem boa parte do dia sentados, também convivem com as alterações que o corpo sofre com o envelhecimento. Por isso encontramos tantas patologias de coluna nesse público.

E você sabe que o Core tem um papel fundamental na estabilização da coluna, por isso devemos manter essas musculaturas sempre fortalecidas. 

Para você perceber como essa região e esse exercício é importante, vamos dar uma olhada na rotina da dona Rosa.

Ela acorda às 7h da manhã e vai para a cozinha preparar o café da manhã dos netos. Mais tarde ela pega o carro e dirige até o supermercado, faz as compras da semana e volta para casa. Descarrega o carro, leva todo o peso para a cozinha. Nem preciso continuar, né? Você já entendeu que ela é uma idosa muito ativa.

Mas ela sente dores lombares com frequência. Por não se exercitar e possuir o corpo cheio de desequilíbrios musculares, a dona Rosa acabou com um core enfraquecido. Com uma ativação pouco eficiente dessa musculatura ela não consegue manter uma postura correta.

Ou seja, essa senhora terá problemas para realizar atividades do dia a dia. Mesmo abaixar para pegar algo no chão será tanto um desafio quanto um risco para ela. E o pior: quanto mais dor ela sentir, mais ela limitará seus movimentos.

Por isso é tão importante trabalhar as musculaturas do core em idosos. Mesmo que eles sintam dificuldades no início insista. Use versões simplificadas ou até outros exercícios. A prancha será certamente um benefício para seu aluno mais velho.

2. Afundo

O afundo é um exercício maravilhoso para qualquer um que queira um corpo funcional. Ele trabalha diversos músculos dos membros inferiores e da cadeia posterior como:

  • Glúteos;
  • Quadríceps;
  • Posteriores de coxa;
  • Adutores de coxa.

Além disso, ele também trabalha a musculatura do core que deve ficar ativada durante todo o exercício. 

Mas será que meu aluno idoso consegue fazer um afundo?

Talvez não. Assim como iniciantes, o idoso talvez tenha problemas para manter o equilíbrio durante um movimento como esses. Mas queremos que ele recupere esse equilíbrio para que volte a ter padrões funcionais de movimento.

Portanto facilite o exercício usando acessórios que ajudem essa pessoa a manter a estabilidade. Um exemplo é usar halteres segurados do lado do corpo que deixam mais fácil de abaixar. Pode ser feito a apoiado também.

Ao introduzir o afundo para seu aluno você verá diversos benefícios, mas principalmente melhora nas atividades diárias. Trabalhando força de membros inferiores esse aluno estará mais preparado para andar e carregar cargas.

Ele também terá uma visível melhora no equilíbrio conforme evoluir. Quem trabalha com esse público sabe que o risco de quedas é um fator extremamente limitante para sua vida. Ao diminuir ou remover esse risco através do fortalecimento e equilíbrio você ajuda a melhorar sua qualidade de vida.

Além disso, o afundo pode ser caracterizado como um exercício de força. Durante a terceira idade o indivíduo perde lentamente sua massa muscular e, portanto, também força. Treinar essa característica desacelera esse processo de perda e ajuda o aluno idoso a ser mais independente.

Por fim, seu aluno também consegue recuperar mobilidade de algumas articulações através do exercício. Uma delas, que devemos destacar, é o tornozelo. Por ser uma articulação muito estável ele frequentemente perde mobilidade o que pode gerar dores no joelho e no quadril.

Agora tente lembrar quantos dos seus alunos mais velhos têm dores nessas áreas.

3. Ponte

Quem faz Pilates provavelmente já está familiar com esse exercício. A ponte é muito usada em diversas modalidades e os instrutores já conhecem seu potencial há bastante tempo.

É um exercício bastante simples que consiste em levantar o quadril e manter a posição por alguns segundos. Para quem vê de fora parece pouco desafiador ou importante, talvez até fácil demais para estar entre os exercícios funcionais para idosos de uma aula. Mas calma, alguém só pensaria isso por não conhecer o movimento.

Ele é benéfico para diversas patologias e sintomas como:

  • Dor lombar;
  • Má postura;
  • Equilíbrio ruim;
  • Amnésia glútea;
  • Falta de mobilidade de quadril;
  • Falta de estabilidade de tronco;
  • Joelhos desalinhados.

Viu? Podemos usar a ponte para muitos fins. Começarei a falar sobre os benefícios da ponte com foco no fortalecimento dos glúteos.

Muitos alunos possuem essas musculaturas pouco ativadas, levando a uma condição que conhecemos como amnésia glútea. O público do nosso espaço provavelmente só pensa nesses músculos com importância estética.

Todas as mulheres querem fortalecer glúteos por isso. Um corpo mais torneado e esteticamente agradável seria o fim de praticamente qualquer exercício para glúteos. Se você quer provas jogue “agachamento” no Google e confira os resultados.

Mas como profissionais do movimento sabemos que os glúteos são muito mais importantes que isso.  Eles são a base de sustentação do corpo, sem glúteos ativados de maneira eficiente você terá movimentos disfuncionais por todo o corpo.

 Ativação glútea está relacionada a muitos movimentos como caminhar, agachar, saltar e até manter o corpo estável mesmo sem movimento.

Quer evitar dores lombar, problemas no joelho e quadril? Não esqueça de fortalecer o glúteo. Ele também auxilia a recuperar a independência do aluno por melhorar seus movimentos funcionais.

Por fim, a ponte também auxilia a melhorar a estabilidade e mobilidade graças às suas características e desafios.

4. Prancha lateral

Já falei sobre a prancha nesse artigo e ela realmente é muito indicada. Também existem algumas variações, em especial a prancha lateral ou side plank, que também auxiliam muito nossos alunos. 

O movimento trabalha musculaturas como:

  • Transverso abdominal;
  • Reto abdominal;
  • Oblíquo;
  • Quadrado lombar;
  • Glúteos;
  • Adutores de coxa.

Veja como a prancha lateral é bastante completa. Ela trabalha core? Sim e com muita eficiência. Ela também trabalha musculaturas de membros superiores e inferiores, ajudando a melhorar o movimento como um todo.

O exercício auxilia a trabalhar com eficiência musculaturas estabilizadoras da coluna lombar. Ele é muito usado em trabalhos para prevenir lesões ou em reabilitação, portanto também pode ser indicado para os alunos mais idosos.

Perceba também uma diferença entre esse exercício e a prancha tradicional que mencionei no início do artigo. É um movimento unilateral que trabalha membros de um só lado do corpo. Além disso, ele proporciona uma interessante instabilidade.

Comparando os dois exercícios, a área de apoio na prancha lateral é menor. O aluno é desafiado para manter o equilíbrio sem “tombar” para a frente pelo máximo de tempo que conseguir. Idosos só ganham ao trabalhar com instabilidade.

Até a postura do idoso apresentará melhorias com a ajuda desse exercício. Claro que ele não faz milagres sozinho, é importante combinar a prancha lateral com um programa de treinamento.

Alunos que têm dificuldade de manter a posição precisarão passar por um processo de preparação. É possível que ele tenha musculaturas abdominais enfraquecidas ou de membros superiores e inferiores desequilibradas. Lembrando que em caso de dor você deve parar o exercício imediatamente.

Importante tanto a prancha lateral como a prancha tradicional pode ser feita na parede facilitando bastante o exercício, porém sem deixar de trabalhar os músculos estabilizadores.

5. Remada

No Treinamento Funcional existem diversas opções para realizar as remadas. Conseguimos realizá-las em diversos equipamentos como fita de suspensão e usando acessórios como faixa elástica. Até equipamentos de Pilates, por exemplo o Cadillac, nos auxiliam a fazê-los.

Além disso, esse é um excelente movimento para trabalhar a parte superior do corpo. Se até agora focamos no core para estabilizar lombar e membros inferiores, chegou a hora de falar de ombros e membros superiores.

A remada fortalece musculaturas importantes para uma boa estabilização de ombro. E adivinhe: idosos com frequência reclamam de dores nos ombros. Se você trabalha com reabilitação tenho certeza que já viu alguns casos de pessoas da terceira idade com lesões ou patologias do ombro.

Usando remadas você consegue reabilitar alunos que já tinha problemas anteriormente e preveni-los. O movimento auxilia também a trabalhar musculaturas das costas que frequentemente são esquecidas durante o treino.

O principal benefício que devemos destacar desse exercício para os alunos idosos é a estabilização da região do ombro. Como sabemos, esse é um conjunto articular bastante instável que facilmente sofre com compensações.

Fortalecendo as musculaturas que nele atuam conseguiremos um movimento mais funcional, com menor número de compensações e probabilidade de dor. Tenho certeza que isso te interessa, mesmo para alunos mais jovens.

Outro benefício interessante é o número de variações que conseguimos utilizar. Um exercício comum na musculação, por exemplo, é a remada unilateral que é bastante diferente. Se você utilizar um desses movimentos em cada treino seu aluno mal vai perceber que está fazendo vários tipos de remada.

6. Agachamento

“Mas Keyner, eu vou colocar minha aluna com 80 anos para agachar?” Sim e já vamos entender o motivo.

Precisamos entender de uma vez por todas que agachar é um movimento completamente funcional que realizamos a todo momento. Os idosos frequentemente apresentam problemas para realizar atividades simples como levantar de cadeiras ou sair e entrar do carro. Fazer esse exercício em aula pode ajudar.

Dá para perceber como o sedentarismo é um problema grande na população idosa. A maioria das pessoas na terceira idade fica amedrontada e evita realizar atividades consideradas mais “pesadas”.

Um idoso que não consegue agachar será extremamente dependente da família ao redor. Isso quer dizer que ele terá também problemas de autoestima e pouco contato social fora da família por não estar motivado a sair de casa.

O agachamento é a base de muitos movimentos importantes para essa população e pode nos ajudar a:

  • Melhorar a qualidade de vida do idoso;
  • Melhorar seus movimentos;
  • Deixar o idoso mais independente;
  • Evitar quedas e lesões em idosos.

Já te convenci a incluir o agachamento nas suas aulas para a terceira idade?

Mas calma, tem ainda mais fatores que preciso te explicar. Primeiro, vamos desmistificar alguns mitos. O agachamento não vai lesionar os joelhos do seu aluno, não vai causar dor lombar e não é prejudicial para o corpo. Claro que isso só é verdade se o movimento for correto.

Ou seja, seu aluno não deve ter medo de agachar porque só fará bem para seu corpo.

Sabendo isso, também entenda que esse é um exercício completamente transferível para a vida diária. Essa característica é que garante que um movimento será útil para melhorar desempenho no esporte ou prevenir lesões.

 

  • Agachamento para idosos e iniciantes

Como mencionei, você só consegue colher os benefícios do exercício se ele for feito da maneira correta. Se um jovem que agacha com alguma compensação pode se lesionar, imagine como seria com idosos.

O instrutor deverá tomar muito cuidado na hora de explicar o exercício. Corrija as compensações e desequilíbrios e o ensine a realizar um movimento perfeito. Caso seu idoso ainda não consiga agachar tente uma boa preparação.

Exercícios preparatórios para o corpo deve incluir trabalho de mobilidade de quadril e tornozelo e fortalecimento de algumas musculaturas. Você pode utilizar esses movimentos como guia para trabalhar com seu aluno.

Outra opção é trabalhar com uma cadeira. Algumas pessoas mais velhas não conseguem fazer um bom agachamento por medo de caírem ou falta de estabilidade. Uma cadeira resolve seus problemas inicialmente.

O exercício não é um agachamento completo, mas trabalha uma característica que ajuda seu idoso a realizar suas atividades diárias. Ele consiste em sentar e levantar de uma cadeira. A intenção é se mover com a maior qualidade possível. Aos poucos o instrutor auxilia o idoso a corrigir desequilíbrios, melhorar sua mobilidade e força nos membros inferiores.

Quando o instrutor considerar que seu aluno está preparado podemos evoluir para o agachamento sem carga. Outra opção é pedir para o aluno segurar nas fitas de suspensão enquanto agacha. Assim ele terá um ponto de apoio e se sentirá mais seguro para fazer o movimento.

Dificuldades da terceira idade

Conforme o corpo envelhece suas capacidades funcionais vão diminuindo. Existe:

  • Diminuição de massa óssea;
  • Perda de força muscular;
  • Menor produção de hormônios;
  • Menor tempo de reação;
  • Piora no equilíbrio.

Tudo isso leva a uma perda de independência que afeta nossos alunos de forma física e psicologicamente. Também percebemos um aumento no risco de quedas, que é um dos principais perigos para as pessoas mais velhas.

O objetivo dos exercícios funcionais para idosos é recuperar os movimentos do aluno e diminuir o risco de queda. Portanto, você deve priorizar exercícios que reproduzem movimentos da vida diária. Um exemplo é o agachamento, que expliquei mais acima.

Com tais exercícios você conseguirá também melhorar a coordenação motora do idoso. O que quer dizer que o idoso é capaz de fazer muito mais atividades sem precisar de auxílio.

Outro ponto importante são os exercícios funcionais para idosos que trabalham equilíbrios. Eles são fundamentais para prevenir quedas e lesões nas pessoas mais velhas. Acessórios que proporcionam instabilidade te ajudarão nessa tarefa.

Quem quiser consegue treinar essa habilidade sem necessariamente usar acessórios. Exercícios com bases unipodais também proporcionam instabilidade e desafiam o aluno.

Por fim, também devemos utilizar exercícios de potência, mesmo com idosos. Através deles conseguimos recuperar a habilidade do idoso de reagir a estímulos. Quem pensa que trabalhar com alguém mais velho significa fazer tudo devagar está muito enganado.

Através de um bom trabalho de potência seu aluno consegue se mover muito melhor. Imagine uma situação em que o idoso escorregue em um chão molhado. Depois de realizar treinos de potência ele provavelmente terá mais facilidade para recobrar o equilíbrio que alguém não treinado.

Devemos sempre tentar tirar as limitações impostas aos nossos alunos e pacientes, sejam eles da terceira idade ou não. Sempre digo que o movimento é capaz de curar, então incentive movimento.

Conclusão

Exercícios funcionais para idosos são uma maneira eficiente de melhorar a qualidade de vida desse público. A tendência é que alguém mais velho sofra uma perda gradual de suas capacidades funcionais, especialmente vivendo de maneira sedentária.

Assim, o nosso papel é melhorar seus movimentos e garantir que esse aluno terá condições de continuar sua atividade diária. Para isso, teremos de enfrentar alguma resistência dos alunos. Eles provavelmente terão algum medo de se mover por causa de dores ou quedas anteriores.

Se livrando desse obstáculo você pode realizar praticamente qualquer exercício. O importante é saber através da sua avaliação se essa pessoa está apta para realizar os exercícios ou se precisa de uma preparação prévia.

Entre os muitos exercícios funcionais para idosos posso destacar alguns bastante importantes. Entre eles encontramos o agachamento, prancha, prancha lateral e afundo. Todos os movimentos que apresentei nesse artigo podem e devem ser usados com pessoas na terceira idade.

Através deles conseguimos treinar capacidades funcionais essenciais para qualquer idoso. Trabalhos que contenham equilíbrio, força, propriocepção e potência, por exemplo, nunca podem ser ignorados entre esses exercícios funcionais para idosos.

Com esse artigo quero ensinar a importância de exercícios para a terceira idade e dar alguns exemplos de como eles podem ser usados. Ele é meramente um guia que te ajuda a decidir o que fazer nas aulas.

Claro que a escolha correta de exercícios deve ser feita pelo profissional com conhecimento sobre as características individuais do aluno. Ele também deverá tomar todos os cuidados necessários para evitar acidentes durante a aula que podem acabar em lesão.



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